
Quando a bebida não sai da cabeça — e começa a tomar conta da vida A primeira taça parece apenas festa, compasso social. A segunda, alívio. A terceira, promessa de que “amanhã começo com menos”. E, em...

Eu precisei perder o controle para começar a entender o que é liberdade. Durante anos, o álcool foi meu idioma mais íntimo — a forma que encontrei de lidar com o que eu não sabia nomear. Bebia ...

Há quem pense que parar de beber é um ato de heroísmo. “Eu admiro sua força de vontade”, dizem, como se a sobriedade fosse resultado de um músculo invisível que alguns têm e outros não. Mas quem já te...

O desejo de beber pode parecer um trovão repentino. Um rugido vindo de dentro — não da garganta, mas da alma. Surge no meio do dia, no fim da tarde, no meio do caos ou do silêncio. Vem sem avisar, e q...

Há um resíduo na boca, um vazio no peito, e o espelho devolve um rosto úmido de culpa. Você sussurra: “Bebi. Eu fiz de novo.” O mundo inteiro — ou pelo menos dentro de você — parece desabar num torvel...

Às vezes, quem não viveu a dependência imagina que ela grita alto. Mas a verdade é: ela sussurra. Um vento seco que atravessa o corpo pela fresta da carne e promete alívio, promete esquecimento. A fis...

O álcool tem o poder de se infiltrar como sombra em nossas fendas mais íntimas. Primeiro, oferece calor. Depois, exige sangue. Ele promete coragem, mas entrega prisão. Quem já esteve dentro da espiral...

A dependência é como uma casa antiga, habitada por fantasmas. Alguns desses fantasmas se chamam álcool, outros se chamam drogas, compulsões, fugas. Eles entram pelas frestas, ocupam os cômodos e, pouc...

A abstinência não é apenas a ausência da substância: é a presença nua da tempestade. O corpo treme como galhos frágeis, a mente gira como folhas arrastadas pelo vento, e a alma se vê exposta ao que se...

Há quem nunca tenha sentido a fissura e, por isso, a trate como frescura. Mas quem já viveu sabe: a fissura não é vontade comum. É um terremoto íntimo. É como se dentro da cabeça um tambor fosse batid...





